Protocolo de Uso de Drogas Vasoativas

As drogas vasoativas são indicadas em casos de choque (séptico, cardiogênico, hipovolêmico, anafilático), insuficiência cardíaca grave e outras condições que necessitam de suporte hemodinâmico.

Avaliação Inicial

  • Avaliar sinais vitais (PA, FC, FR, SpO2).
  • Realizar exame físico completo.
  • Solicitar exames laboratoriais (hemograma completo, eletrólitos, gasometria arterial, lactato).
  • Monitorar débito urinário.
  • Avaliar necessidade de acesso venoso central.

Escolha da Droga Vasoativa

  • Noradrenalina (Norepinefrina): Primeira escolha em choque séptico. Atua principalmente em receptores alfa-1, causando vasoconstrição periférica e aumento da pressão arterial. Tem ação mínima em receptores beta-1.
  • Dobutamina: Primeira escolha em insuficiência cardíaca com baixo débito. Atua principalmente em receptores beta-1, aumentando a contratilidade cardíaca e, em menor grau, em receptores beta-2, causando vasodilatação periférica.
  • Dopamina: Usada em algumas situações de choque hipovolêmico ou cardiogênico. Atua em receptores dopaminérgicos em baixas doses, beta-1 em doses moderadas, e alfa-1 em altas doses.
  • Adrenalina (Epinefrina): Usada em anafilaxia e choque refratário a outras drogas. Atua em receptores alfa-1, beta-1 e beta-2, causando aumento da contratilidade cardíaca, vasoconstrição periférica e broncodilatação.
  • Vasopressina: Pode ser adicionada à noradrenalina no choque séptico refratário. Atua em receptores V1a, causando vasoconstrição direta sem efeito significativo em receptores adrenérgicos.
  • Fenilefrina: Usada em casos de choque distributivo. Atua exclusivamente em receptores alfa-1, causando vasoconstrição periférica.

Administração

  • Acesso Venoso: Preferencialmente através de acesso venoso central.
  • Monitorização Contínua: Monitorar continuamente pressão arterial invasiva (se possível), frequência cardíaca, débito urinário e estado mental.

Diluição e Dosagem Inicial

  • Noradrenalina:
      • Diluição: 4 mg (2 ampolas de 2 mg) em 250 mL de SG 5%.
        • Obs: no HRL usamos diluição: 3 ampolas em 100 mL de SG 5% ou SF 0,9%.
    • Dose Inicial: 0,05-0,1 mcg/kg/min.
    • Receptores: Principalmente alfa-1.
  • Dobutamina:
    • Diluição: 250 mg (5 ampolas de 50 mg) em 250 mL de SG 5%.
    • Dose Inicial: 2-20 mcg/kg/min.
    • Receptores: Principalmente beta-1, menor grau beta-2.
  • Dopamina:
    • Diluição: 400 mg (4 ampolas de 100 mg) em 250 mL de SG 5%.
    • Dose Inicial: 5-20 mcg/kg/min.
    • Receptores:
      • Baixa dose (0,5-2 mcg/kg/min): Receptores dopaminérgicos.
      • Dose moderada (2-10 mcg/kg/min): Receptores beta-1.
      • Alta dose (10-20 mcg/kg/min): Receptores alfa-1.
  • Adrenalina:
    • Diluição: 1 mg (1 ampola de 1 mg) em 250 mL de SG 5%.
    • Dose Inicial: 0,01-0,1 mcg/kg/min.
    • Receptores: Alfa-1, beta-1 e beta-2.
  • Vasopressina:
    • Diluição: 20 U (2 ampolas de 10 U) em 100 mL de SG 5% ou SF 0,9%.
    • Dose Fixa: 0,01-0,03 U/min.
    • Receptores: V1a.
  • Fenilefrina:
    • Diluição: 10 mg (1 ampola de 10 mg) em 250 mL de SG 5%.
    • Dose Inicial: 0,5-6 mcg/kg/min.
    • Receptores: Exclusivamente alfa-1.

Ajustes de Dose

  • Ajustar a dose de acordo com a resposta clínica e hemodinâmica.
  • Realizar ajustes graduais e monitorar a resposta.

Monitorização e Avaliação Contínua

  • Reavaliar frequentemente os sinais vitais e a perfusão periférica.
  • Realizar exames laboratoriais seriados (gasometria arterial, lactato).
  • Ajustar terapia conforme necessidade e resposta do paciente.

Suspensão

  • Reduzir gradualmente a dose da droga vasoativa ao observar melhora clínica e hemodinâmica.
  • Monitorar estreitamente durante a redução e após a suspensão.
  • Reiniciar a terapia se houver deterioração clínica.

Documentação

  • Registrar todas as doses, ajustes e observações no prontuário do paciente.
  • Registrar a resposta clínica e qualquer evento adverso.

Eventos Adversos

  • Monitorar para sinais de efeitos adversos (arritmias, isquemia miocárdica, necrose periférica).
  • Suspender ou ajustar a medicação se ocorrerem eventos adversos significativos.

Considerações Adicionais

Interações Medicamentosas

  • Avaliar interações com outros medicamentos em uso pelo paciente.
  • Evitar combinações que possam potencializar efeitos adversos.

Manejo de Pacientes com Comorbidades

  • Ajustar doses e escolher agentes com base em comorbidades específicas (por exemplo, uso de vasopressina com cautela em pacientes com doença arterial coronariana).

Uso de Vários Vasopressores

  • Em casos refratários, considerar o uso combinado de diferentes vasopressores (por exemplo, adicionar vasopressina à noradrenalina).
  • Monitorar de perto para identificar a resposta hemodinâmica e ajustar as doses conforme necessário.

Metas Hemodinâmicas

  • Definir metas hemodinâmicas claras (por exemplo, PAM > 65 mmHg no choque séptico).
  • Individualizar as metas com base nas condições e respostas do paciente.

Cuidados com Infusão

  • Assegurar que a infusão contínua de drogas vasoativas seja mantida sem interrupções.
  • Usar bombas de infusão precisas para controle rigoroso das doses administradas.

Medidas de Suporte

  • Associar o uso de drogas vasoativas a outras medidas de suporte, como reposição volêmica adequada, suporte respiratório e correção de desequilíbrios eletrolíticos e ácido-base.